JACARÉ X DIABO

RIVALIDADE?
É comum os rubros se gabarem da enorme vantagem do América FC nos confrontos com o RIO PRETO EC. Também pudera... Em 62 partidas disputadas até aqui, foram 33 vitórias do América, 19 empates e 10 vitórias do Glorioso.
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Com tal supremacia, de onde viria então a rivalidade? Alguns chegam a afirmar que ela não existe; os "melâncias" estão por aí...
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Ora, os números não dizem, mas a história explica que ela existe desde a fundação do América, há mais de 60 anos.

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O 1° jogo entre as equipes ocorreu no longinquo 14 de abril de 1946, com vitória do Diabo: 2X0 em pleno Estádio Coronel Victor Brito Bastos. E não era mero amistoso em comemoração à fundação do América (28/1/1946). Nada disso. Era partida oficial, válida pelo Campeonato Paulista do Interior.

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Aliás, o clima entre os clubes não era mesmo nada cordial.

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Os americanos culpavam - e culpam até hoje - os dirigentes do RIO PRETO EC pelo fato da partida inaugural do América ter sido realizada na vizinha Mirassol.

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Talvez o episódio dê a data exata da nascente rivalidade entre os clubes...

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EMPRESTA O ESTÁDIO? NÃO!
Recém fundado, ainda sem estádio, o América marcou então seu 1° jogo, contra a Atlética Ferroviária (atual Associação Ferroviária de Esportes), para o antigo estádio do Palestra Esporte Clube. No dia da estréia, porém, o campo palestrino "inundou com as chuvas", fato bastante comum (veja Rivais).
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Aflitos com a possibilidade de adiamento logo na partida inaugural, os americanos solictaram à diretoria do RIO PRETO EC o empréstimo do Estádio Coronel Victor Brito Bastos (
veja Estádios). O pedido foi negado.
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De fato, os coronéis e doutores do RIO PRETO EC andavam ressabiados com o novo rival. Eles acusavam os americanos de estimular a dissidência de jogadores esmeraldinos para contratá-los em seguida.

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A prática viria a se tornar usual e bem aceita pelo clubes, mas não em meados dos anos 40. E um dos primeiros jogadores a trocar o verde e branco pelo vermelho foi exatamente Benedito Teixeira (1919-2001).

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Poucos sabem, mas o aclamado ex-presidente do América (1973-1996), foi antes ponta esquerda no RIO PRETO EC. Em 1946, Birigüi rompeu com o Jacaré e integrou a 1ª formação do Diabo: Bob; Hugo e Edgard; De Lúcia, Quirino e Miguel; Mogero, Dema, Pereira Lima (Nelsinho), Fordinho e Birigüi.

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Os diretores do RIO PRETO EC não externaram à época, mas à boca pequena também se sabe da mágoa por não ter sido o Glorioso o adversário na estréia do América. Oficialmente, o clube não emprestou o Estádio Coronel Victor Brito Bastos alegando que o jogo danificaria o campo, encharcado depois das chuvas.

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Restou à diretoria americana, liderada por Mário Alves Mendonça, realizar a partida contra a Atlética Ferroviária em Mirassol, no Estádio Giocondo Zancaner. O América venceu (3X1).

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Era 17 de março de 1946.
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PRIMEIROS DÉRBIS, PRIMEIRAS DERROTAS...
Como já foi dito, o 1° jogo entre RIO PRETO EC e América foi vencido pelo Diabo (0X2), na "casa" dos coronéis, em 14/4/1946.
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Naquele dia, o América foi a campo com Bob; Eder e Edgard; De Lúcia, Mogero e Miguelzinho; Américo, Fordinho, Dim, Granezinho e Birigüi. Zezinho Silva comandava os vermelhos.

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O Glorioso tinha Bussada; Coelho e Coco; Sérgio, Paulo Negrinho e Bem-te-vi; Canizzinha, Darci, Luiz, Ernani e Borge. Bindo era o técnico do Jacaré.

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O jogo refletiu o clima tenso nos bastidores, sendo bastante disputado desde o apito inicial. Ao final, prevaleceu a vantagem de quem marcou primeiro. Fordinho (12'/1T) fez o 1° gol da história do dérbi. O placar mínimo permaneceu até os 43'/2T, quando Granezinho decretou a 1ª vitória do América sobre o "Glorinha".

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Evidentemente, a vitória foi celebrada pelos americanos como uma desforra à arrogância dos coronéis e doutores do RIO PRETO EC, no caso do empréstimo do estádio.

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O problema foi que a cena se repetiu por 6 vezes seguidas...

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Além do 0x2, em 14/4/1946, houve ainda, na seqüência, outros dois 0X2: em 7/7/1946 e 30/3/1947. Em 27/4/47, um estrondoso 0X4 para os vermelhos e, em 6/7/1947, nova goleada americana: 4X1 (Coelho marcou 1° gol do Glorioso no dérbi). No dia 1/7/1948, um magro 1X0 pelo Campeonato Paulista do Interior e mais uma vitória do América.

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PRIMEIRAS VITÓRIAS
Até então, eram 6 jogos disputados, com 6 vitórias do América, que marcou 11 vezes e sofreu apenas um único gol. Nem Mário Alves Mendonça sonhara com tanto...
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Mas no 2° turno do Campeonato Paulista do Interior de 1948, o RIO PRETO EC, enfim, venceu a 1ª; e de goleada! Com gols de Viana, no 1° tempo, Pelácio, Martins e "um gol do Rio Preto não identificado no 2° tempo" (p. 15), o Jacaré bateu o Diabo (4X1), no Estádio Coronel Victor Brito Bastos. Miranda (pênalti) marcou para os rubros. Era 22 de agosto de 1948.

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Menos de 2 meses depois (10/10/1948), nova vitória do Glorioso (3X2); diga-se, uma vitória heróica.

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Isto porque o RIO PRETO EC terminou o 1° tempo perdendo por 0X2, com gols de Ernani e Ford. Na 2ª etapa, o Jacaré foi para cima e, com gols de Poletti, Miranda (contra) e Pelácio, desbancou o rival nas finais do Campeonato Paulista do Interior de 1948.

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Depois do feito, o RIO PRETO EC passaria 2 anos sem vencer o rival. No período, acumulou 1 derrota (4X1, em 26/6/1949) e 2 empates (0X0, em 2/10/49; e 1X1, em 4/6/1950).

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A 3ª vitória do Jacaré ocorreu no 1° amistoso entre as equipes, disputado em 13/8/1950, no Estádio Coronel Victor Brito Bastos (3X0). Com gols de Inocentti (contra), Dema e Dalac, os americanos justificariam a derrota alegando que o América "usou time reserva" (p. 18). Hoje isso pouco importa: RIO PRETO EC 3X0 América, e ponto final.

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19 ANOS SEM VITÓRIAS
Após a 3ª vitória, em 1950, o "Glorinha" passou exatos 19 anos sem vencer o rival.
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No período foram disputados 24 jogos, com 18 vitórias do América (0X2, em 3/9/1950; 6X2, em 10/12/1950; 6X0, em 7/6/1953; 0X1, em 21/6/1953; 0X1, em 10/1/1954; 4X1, em 31/1/1954; 1X0, em 21/11/1954; 5X0, em 30/1/1955; 1X2, em 20/3/1955; 0X3, em 13/11/1955; 2X1, em 30/4/1957; 1X2, em 20/6/1957; 0X1, em 14/7/1957; 2X3, em 20/4/1958; 2X4, em 7/5/1959; 2X0, em 17/5/1959; 6X1, em 29/5/1968; e 2X0, em 1/11/1969) e 6 empates (1X1, em 20/12/1955; 1X1, em 7/4/1957; 4X4, em 14/4/1957; 1X1, em 21/4/1957; 1X1, em 21/4/1958; e 1X1, em 10/11/1968).

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Detalhe: o dérbi não foi disputado por quase 10 anos, entre 1959 e 1968.

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Finalmente, em 9 de novembro de 1969, o RIO PRETO EC voltou a ganhar do rival. Com gols de Mazinho (24'/1T) e Arnaldo (30'/2T), o Jacaré venceu o Diabo (2X0) e somou sua 4ª vitória no dérbi. A 1ª no Estádio Anísio Haddad (Rio Pretão), inaugurado no ano anterior.

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12 ANOS SEM DÉRBI
Houve certo equilíbrio entre os anos de 1970 e 1973. Foi um tal perde, ganha, empata, sem precedentes na história do dérbi.
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Em 10/5/1970, o Diabo bateu o Jacaré (4X2) num amistoso realizado no Estádio Mário Alves Mendonça (MAM).

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Em 1972, o América patrocinou o "Torneio Aloízio Cherubini", com a presença de RIO PRETO EC, Grêmio Catanduvense e Vila Nova (Nova Lima/MG). No confronto entre os rivais, deu Jacaré (1X2). Wilson (3'/1T) e Vicente (31'/1T) marcaram para o Glorioso. Turcão (25/2T) descontou para o América. Esta foi a 1ª do Jacaré no "Caldeirão do Diabo", o demolido MAM.

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Detalhe: a "classificação [final] do torneio teve o Vila Nova com 5 pontos, Rio Preto com 4, América com 2 e Grêmio Catanduvense com 1 ponto ganho" (p. 42).

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Depois, no 1° turno do Paulistinha de 1973, um empate (1X1), também no MAM (27/10/1973). No 2° turno, vitória do América (0X1), no Rio Pretão (25/11/1973).

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E só. Dérbi de novo somente 12 anos depois...

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CAMPEÃO DO "TORNEIO BENEDITO TEIXEIRA"

Em 1985, a cidade já estava com saudades e realmente se mobilizou para rever o dérbi. No amistoso, realizado no 7 de setembro, América e RIO PRETO EC empataram (2X2). A partida levou mais de 12 mil torcedores ao MAM.

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Para "entrar no estádio, os torcedores deveriam retirar ingressos grátis com antecedência nas lojas Casa São Paulo, Eletrônica Nonaka, Casa do Construtor, Jumbo Eletro, Frango Sertanejo, todas de Rio Preto,e Bechara, de Tanabi" (p. 64).

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No ano seguinte, a consagração. O RIO PRETO EC sagrou-se campeão do "Torneio Benedito Teixeira", com 2 vitórias sobre o América, ambas por 2X0.

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A 1ª (1/11/1986), com gols de Márcio Nunes (31'/1T) e João Paulo (45'/2T), no MAM; Esta foi a 2ª e última vitória do Glorioso no velho estádio do América.

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A 2ª (12/11/1986), com 2 gols de Romeu (41'/1T e 27'/2T), no Rio Pretão. Organizado pelo rival, o torneio também contou com a participação de Grêmio Novorizontino e XV de Jaú.

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O irônico foi ver o Glorioso levantar a taça "Benedito Teixeira", no Rio Pretão, após 2 vitórias consagradoras sobre o América. Por essa, o Birigüi não esperava...

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Nos 6 jogos seguintes, foram 3 vitórias do América (4X1, em 28/4/1988; 3X1, em 10/6/1992; e 3X1, em 19/3/2000) e 3 empates (0X0, em 21/4/1988; 0X0, em 19/3/1992; e 2X2, em 17/10/1999).

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Nos anos 90, foram 7 anos sem dérbi (1992-1999).

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PLACAR "MORAL": RIO PRETO EC 10X1
Campeão da série A2 (1999), o América não passou mais que 34 dias na elite do futebol paulista. Após 10 partidas, sem jogar contra os "grandes" da Capital, o Diabo voltou à A2 ainda em 2000.
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Campeão da série A3 (1999), o RIO PRETO EC fez uma campanha discreta na A2 de 2000, ficando apenas na 12ª colocação. Apenas os "oito primeiros disputariam o play-off em jogos eliminatórios de ida e volta" (p. 87).

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Como o América não subiu e o RIO PRETO EC não caiu, lá estavam os rivais na A2 de 2001, cujo "regulamento previa que todos os jogos terminados empatados... fossem decididos em pêmaltis. O vencedor do tempo normal somava 3 pontos, o vencedor nos pênaltis somava 2 e o perdedor nos pênaltis somava 1 ponto" (p. 88).

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No 1° turno (18/3/2001), um Riopretão com 15.518 pagantes assistiu ao empate no tempo nornal (2X2). Todos os gols saíram no 2° tempo: Thiago (13') e Bilu (35') marcaram para o América. Vivinho (19') e Guim (31') fizeram para o Glorioso.

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Nos pênaltis, vitória do RIO PRETO EC (2X1).

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No 2° turno (27/5/2001), o RIO PRETO EC aplicou a maior goleada sobre o rival na história do dérbi (Sonoros 1X5!). Isso mesmo! O América foi massacrado pelo Glorioso em pleno Estádio Benedito Teixeira (Teixeirão).

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Fábio Zeni 2 vezes (9'/1T e 12'/2T), Guim 2 vezes (30'/2T e 40'/2T) e Fabiano (44'/2T) maracaram para o Jacaré.

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Foi um massacre tal que, "além de fazer cinco gols, o Rio Preto teve três gols anulados e chutou duas bolas na trave. A imprensa analisou a atuação dos dois times e comentou que o palcar 'moral' seria de 10 a 1 para o" RIO PRETO EC (p. 88).

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"GLORINHA" FAZ A FESTA NO "LIXEIRÃO"
Foram exatos 8 anos e 3 meses de novo jejum.
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Nesse período, foram disputados 7 jogos entre RIO PRETO EC e América (sempre em torneios da FPF), com 4 empates (1X1, em 16/8/2003; 0X0, em 22/8/2004; 1X1, em 16/8/2008; e 1X1, em 27/9/2008) e 3 derrotas esmeraldinas (3X1, em 7/10/2003; 0X1, em 18/7/2004; e 0X1, em 8/3/2009).
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Demorou, mas a 9ª vitória esmeraldina veio e em grande estilo. Novamente na casa do arquirrival (o inacabado Lixeirão e/ou Templo do Baixo Astral), durante as comemorações dos 90 anos do Glorioso, no 60º dérbi da história e, melhor de tudo, com direito a gol de placa.
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O nome do jogo? Guilherme Delatorre, atacante de 17 anos que fez sua estréia na equipe profissional marcando 2 golaços na vitória esmeraldina; um deles (o segundo) por cobertura, uma pintura digna de placa no inacabado.
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De pênalti, Marquinhos havia feito o primeiro. João Henrique anotou para os vermelhos.
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Ainda teve bola no travessão em cobrança de falta esmeraldina e milagre do goleiro rubro após cabeçada a queima-roupa. No final, 3 a 1 até que ficou barato para a diabada...
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DE VIRADA, "GLORINHA" QUEBRA TABU
Pouco mais de um mês após vencer o Diabo no Lixeirão, o RIO PRETO EC recebeu o arquirrival no Riopretão, pela 13ª rodada da Copa Paulista/2009. Em jogo, a classificação do "Glorinha" à 2ª fase do certame e um tabu de duas décadas.
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Desde 12 de novembro de 1986 o Glorioso não batia o rival na Vila Universitária. Na ocasião, o Jacaré faturou o Torneio Benedito Teixeira, vencendo o Diabo (2X0) com 2 gols de Romeu (41'/1T e 27'/2T).
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Nesse período foram disputadas 7 partidas no Riopretão, com 5 empates (1X1, em 21/4/1988; 0X0, em 19/3/1992; 2X2, em 18/3/2001; 1X1, em 16/8/2003; e 1X1, em 16/8/2008) e 2 vitórias dos rubros (0X1, em 18/7/2004 e 0X1, em 8/3/2009).
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E a história parecia se repetir naquela manhã-tarde de 20 de setembro de 2009. Após desperdiçar várias oportunidades, os esmeraldinos vacilaram e Éder colocou os rubros em vantagem (43'/1T).
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Na volta do intervalo, o Jacaré partiu com tudo em busca do empate, cedendo o contra-ataque ao rival, que só não liquidou a fatura graças à bela atuação de Ricardo, goleiro esmeraldino. Até que Jales escorou cobrança de escanteio e empatou a partida (18').
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Logo depois (24'), foi a vez de Marcus Vinicius aproveitar cruzamento de Jackson e marcar o 2º do Glorioso. Virada no placar e festa nas gerais do Riopretão.
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Mesmo com um jogador a menos (Jackson foi expulso aos 30'), a equipe comandada por Sérgio Caetano segurou o Diabo pelo chifre e garantiu a 10ª vitória esmeraldina no dérbi rio-pretense.
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E como diz a sabedoria popular, tabu existe para ser quebrado...
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Que venha o próximo dérbi!
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AS VITÓRIAS DO GLORIOSO
Confira as 10 vitórias do RIO PRETO EC (clique nos links para ver os detalhes):
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CAMPEONATO PAULISTA DO INTERIOR (1948)
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CAMPEONATO AMADOR - SÉRIE B (1950)
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AMISTOSO (1969)
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TORNEIO ALUIZIO CHERUBINI (1972)
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TORNEIO BENEDITO TEIXEIRA (1986)
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27/5 - América 1X5 RIO PRETO EC (1ª fase)
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9/8 - América 1X3 RIO PRETO EC (1ª fase)
20/9 - RIO PRETO EC 2X1 América (1ª fase)
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FORÇA "GLORINHA"!
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Charge: Lézio Júnior (Diarioweb)
Fonte: Milton Rodrigues e Vinícius de Paula. Almanaque do Futebol Rio-pretense, 2006.
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VEJA TAMBÉM:

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! Gostaria de saber se vcs tem aquele vídeo com a paródia da música papo de jacaré (do ano que o RPEC subiu pra A1).

Procurei no youtube e o vídeo não está mais disponível.

Abraço.