ESTÁDIOS: DO ACANHADO "CORONEL BASTOS" AO MAJESTOSO "RIO PRETÃO"


Fundado o clube, o obstáculo seguinte era dispor de um campo apropriado para a prática do esporte.

De acordo com as memórias de Osvaldo Tonello, à época adolescente e recém chegado de Monte Azul, foi após a estadia de um parque de diversões num de seus terrenos, por volta de 1924, que o Coronel Vitor Brito Bastos resolveu ceder a área ao RIO PRETO; afinal, recorda Tonello, "com a saída do parque... o terreno fica vago e limpo" (São José do Rio Preto - Memórias, 2006, p. 61).

Mas o Coronel impôs "a condição de que não passasse um ano sem disputas, senão o terreno voltaria ao seu doador, prova do pouco futebol existente na época", atesta Tonello. Como se sabe, vontade de coronel era lei neste sertão de Iboruna [1].

Numa clara demonstração do caráter elitista do football, a principal preocupação dos cartolas do RIO PRETO, consistia em erguer um muro de tijolo em torno do campo e, assim, cobrar pelo ingresso.

A primeira tentativa visando a construção - inicialmente do muro, depois do estádio - partiu da idéia do sanfoneiro e construtor José "Bepe" Zanirato, um dos fundadores e então diretor do RIO PRETO: fundir o clube ao ESPORTE CLUBE, time de futebol amador ligado aos comerciantes da cidade. A fusão marcou a denominação definitiva do clube: RIO PRETO ESPORTE CLUBE.

Na lógica de "Bepe", unindo forças seria mais fácil arrecadar fundos para a construção do estádio. Em vão.

Sem obter o sucesso esperado por "Bepe", surgiu por fim a infeliz idéia de cercar o campo com panos. Com aproxidamente cem metros de fazenda doados por comerciantes da cidade, foram fincadas estacas nos quatro cantos do gramado e estendido o pano.


A população se revoltou contra o "cercamento" dos cartolas e, com o passar dos dias, apareceram uns sem-cortes no tecido.

Não satisfeitos com o "recado" popular, os diretores do RIO PRETO EC insistiram na idéia: colocavam a cerca de pano horas antes das partidas e a retiravam logo após o término...

Enfim, nos anos 30 o RIO PRETO EC finalmente concluiu o estádio "Coronel Victor Brito Bastos", com tribuna de honra, arquibancadas e muro, claro. O estádio ficava entre as ruas Bernardino de Campos e Cila, na Vila Redentora.

Ali, o Glorioso conquistou seus primeiros títulos (Campeão Paulista da Terceirona, em 1963 e Campeão da Série José Ermírio de Moraes, pela Segundona de 1964) e sofreu inúmeras derrotas (13, somente para o rival América).

Com o crescimento da cidade, não demorou para o acanhado estádio "Coronel Bastos" se tornar um empecílio. O mesmo local que nos anos 20 era puro mato, distante do centro, no início da década de 1960 havia sido totalmente incorporado ao perímetro central.

Em 1965, o RIO PRETO EC se desfez do estádio, loteou o terreno e adquiriu uma área de 68 mil e 100 m2 (quase três alqueires), na Vila Universitária [2].

No dia 21 de abril de 1968, num amistoso contra a Ponte Preta, foi inaugurado o
estádio Anísio Haddad (ex-presidente do clube e fiador do clube de campo) com capacidade para 35 mil torcedores. O resultado da partida? Goleada da Macaca (1X4). Nei marcou o primeiro gol do Jacaré no Rio Pretão.

Na oportunidade, o Glorioso era comandado pelo novato técnico Carlos Alberto Silva. Também neste dia o RIO PRETO EC assumiu o Jacaré (O Couro Duro do Oeste) como mascote do clube.

Há quem diga que até hoje as arquibancadas do majestoso "Rio Pretão" estão à espera dos tais 35 mil...

NOTAS

[1] "Iboruna - rio preto, em tupi-guarani. Em 1944, durante as comemorações do cinquentenário da emancipação política de Rio Preto, cogitou-se assumir Iboruna como o nome da cidade. Tardia e justa homenagem aos bugres coroados, seus habitantes nativos.Porém, a proposta não prosperou. A população rejeitou a idéia e, dois anos mais tarde, o nome do santo padroeiro passou a preceder o da cidade: São José do Rio Preto". Disponível em: IBORUNA21. Iboruna?. Acesso em 20 set. 2007.

[2] A Vila era Universitária devido à construção do Hopsital de Base e da Faculdade de Medicina na mesma época. Ver BELLINI, N. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - Histórias e Memórias, 1998.

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